O fôlego do Palmeiras na parte final dos jogos não é obra do acaso. Líder do Campeonato Paulista, com 38 pontos, e especialista em matar as partidas no segundo tempo, o Verdão sua a camisa nos treinos da semana para chegar quase sempre em melhores condições físicas do que o adversário. Para se ter uma ideia da diferença que a pesada preparação física faz, o time marca 64% dos seus gols no segundo tempo das partidas. Mais: quase metade dos gols do Verdão em 2011 sai nos 15 minutos finais dos jogos.
Em 20 jogos no ano, os comandados de Luiz Felipe Scolari fizeram 36 gols – 13 na etapa inicial e 23 na final. O último deles foi na vitória por 1 a 0 sobre o Santos, domingo passado. Aos 34 do segundo tempo, Kleber recebeu passe de Patrik, correu mais do que os zagueiros e tocou na saída de Rafael. E olha que o Gladiador ainda sobrava em campo... O time já fez 15 gols depois dos 30 minutos da segunda etapa, o que corresponde a 42% dos tentos do Palmeiras em todo o ano.
Esses gols nos 15 minutos finais já renderam 16 pontos ao Palmeiras no Campeonato Paulista - vitórias contra Santos, Noroeste, Mirassol, Portuguesa e Oeste, e empate com o São Paulo(veja tabela completa abaixo). Nos outros jogos citados na tabela, o time já vencia antes dos 30 minutos da segunda etapa. Sem esses pontos, o Verdão teria apenas 22, longe do G-8. Estatística que comprova a condição física atual do elenco.
O trabalho físico de base é comandado pelo preparador Anselmo Sbragia, formado no próprio Palmeiras e “adotado” por Felipão para integrar a comissão técnica. O técnico não se arrepende: ao fim de vários jogos, ele já elogiou o trabalho físico e o fôlego de seus atletas durante os 90 minutos. Tudo é cuidadosamente planejado, em parceria com o fisiologista Paulo Zogaib e a nutricionista Alessandra Favano. Sbragia reconhece o bom trabalho, mas diz que só isso não é suficiente para determinar a atual fase da equipe.
Gols do Verdão nos 15min finais | |
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Santos 0 x 1 Palmeiras | Kleber, aos 34min |
Palmeiras 3 x 0 Bragantino | T. Heleno, aos 35, e João Vitor, aos 42min |
Uberaba 0 x 4 Palmeiras | Kleber, aos 46min |
Noroeste 1 x 2 Palmeiras | Valdivia, aos 37, e Vinícius, aos 40min |
Palmeiras 5 x 1 Comercial-PI | Adriano, aos 32 e 34, e Gabriel Silva, aos 38min |
São Paulo 1 x 1 Palmeiras | Adriano, aos 39min |
Mirassol 0 x 1 Palmeiras | Patrik, aos 32min |
Portuguesa 0 x 2 Palmeiras | Cicinho, aos 36, e Kleber, aos 46 |
Oeste 0 x 1 Palmeiras | Patrik, aos 41min |
Ituano 1 x 4 Palmeiras | Tinga, aos 46min |
- Claro que o preparo físico ajuda, mas no fim dos jogos o psicológico também conta, a cabeça. O Palmeiras tem sido forte nisso também. Com uma boa base, os atletas têm suportado bem a carga de jogos, mas também sabem lidar com isso e acreditam na vitória até o fim - disse o preparador físico.
Para atingirem um ponto tão alto de condicionamento, os jogadores sofrem nas mãos de Sbragia. A cada atividade, o preparador grita muito e incentiva o elenco a passar pelas provas de resistência e força oferecidas. Este último aspecto é o mais trabalhado por Sbragia, e é o que faz a diferença nos jogos.
- O que procuramos trabalhar mais é a força, que cai muito quando a equipe joga de quarta e domingo. Procuramos dar evidência nesse aspecto, fazendo trabalho na areia, treino físico mais detalhado e também contando com o trabalho técnico do Felipão. Isso aumenta a capacidade dos atletas no arranque, na disputa de bola, coisas que fazem a diferença – afirmou Anselmo Sbragia.
Com duas semanas cheias para treinar antes de uma maratona com oitavas-de-final da Copa do Brasil e mata-mata do Campeonato Paulista, o planejamento ficou diferente. Na primeira semana, que antecedeu o clássico contra o Santos, Sbragia pegou leve com os jogadores para que se recuperassem bem e aguentassem a semana seguinte, focada novamente na força.
Desde terça-feira, na reapresentação após a vitória sobre o Peixe, as atividades têm sido mais exigentes e duram mais de uma hora só na parte física. Tudo para a equipe voar na reta final do primeiro semestre, sem virar o fio depois.
- Semana passada tiramos um pouquinho o pé, porque o objetivo é colocar o time condicionado e sem lesão. Agora, demos um pouco mais de intensidade e menos volume nos treinamentos, objetivando o fim de abril e início de maio, quando começam as fases decisivas do Paulista e da Copa do Brasil – explicou o preparador.
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