As turbulências diárias do Palmeiras colocam em xeque quase todas as peças de uma engrenagem que leva o time à boa campanha no Campeonato Brasileiro deste ano. Quase todas, porque um nome é incontestável entre todos os lados de todas as polêmicas: o técnico Luiz Felipe Scolari. Tratado como “faz tudo” dentro do clube, Felipão é quem consegue apagar incêndios e impedir que a fumaça que vem de fora atinja o campo de jogo. Nesta sexta-feira, o comandante completa um ano de seu retorno ao Palmeiras – por onde já teve passagem de sucesso entre 1997 e 2000, coroada com o título inédito da Taça Libertadores, em 99.
Em 15 de julho de 2010, Felipão se reencontrava com a torcida palmeirense em um clássico contra o Santos, no Pacaembu, mesmo palco e adversário do jogo mais recente, no domingo passado. Das tribunas, ele acompanhou a vitória alviverde por 2 a 1. O inseparável auxiliar Flávio Murtosa era quem comandava no banco de reservas. Dias depois, já com Felipão em ação, o Palmeiras foi derrotado por 4 a 2 pelo Avaí, em Florianópolis.
De lá para cá, ele teve de lidar com mais problemas do que qualquer outro funcionário do clube. Bombeiro, Luiz Felipe Scolari tomou partido nos casos mais difíceis dentro de campo – a fibrose na coxa de Valdivia, a escapada no carnaval do Mago e de Kleber, e o recente interesse do Flamengo no Gladiador. Fora de campo, chegou a resolver atritos entre o presidente Arnaldo Tirone e opositores. Também defendeu o vice Roberto Frizzo em polêmicas, e deu a cara para bater sempre que necessário.
Ele se mete no problema de todo mundo, sempre quer ajudar de alguma forma a resolver os problemas, amenizar as crises"
Marcos Assunção
os últimos meses, o técnico tem dito que prefere se resumir aos assuntos que dizem respeito ao campo. A tarefa parece impossível. Tanto do lado dos dirigentes, quanto dos jogadores, Felipão é tratado como ponto de equilíbrio do clube.
- O Felipão é uma pessoa espetacular, pilar desse novo Palmeiras que estamos tentando implantar. O primeiro ano é sempre mais difícil, e agora, com uma situação mais consolidada, pode conquistar grandes vitórias para nosso clube – afirmou o vice-presidente Roberto Frizzo.
Por outro lado, os jogadores se acostumaram ao estilo Felipão – bastante enérgico em campo, mas ameno fora dele. Capitão da equipe na ausência de Kleber, o volante Marcos Assunção até se chateou com algumas broncas do técnico no início da convivência. Depois, porém, entendeu a importância das palavras do comandante.
- Para mim é um cara sensacional, que me ajuda sempre. Ele se mete no problema de todo mundo, sempre quer ajudar de alguma forma a resolver os problemas, amenizar as crises. Espero que possa trabalhar com ele durante todo o meu contrato (até dezembro de 2012). Muitas vezes a gente fica meio bravo pelas declarações, como ele se comporta dentro de campo, mas isso é a vontade de ganhar. Antigamente eu ficava um pouco chateado, mas não conhecia o modo de ele trabalhar. Hoje, acostumado, sei que é o jeito dele. Faz tudo isso para ganhar os jogos, ajudar o Palmeiras e fazer dele um clube vencedor. Depois que eu parar, vou poder contar aos meus filhos e netos que trabalhei com um campeão do mundo – comemorou Assunção.
Desde seu retorno, Felipão participou de 76 jogos, com 38 vitórias, 22 empates e 16 derrotas. As frustrações no Brasileirão e Copa Sul-Americana do ano passado não chegaram a tirar a moral do técnico no Palmeiras. Neste ano, porém, a cobrança por resultados já é maior. Eliminado na Copa do Brasil e no Campeonato Paulista, o técnico tem mais duas chances em 2011 para dar um título à carente torcida palmeirense, novamente em Brasileiro e Sul-Americana. Com reforços e respaldo do clube, ele acredita que pode reviver as glórias da vitoriosa primeira passagem pelo Verdão.
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