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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sem magia: Valdivia completa um ano de Palmeiras sob desconfiança

Quando deixou o gramado depois do jogo contra o Vasco, nesta quinta-feira, pela Copa Sul-Americana, Valdivia completou somente 50% das partidas do Palmeiras desde que retornou ao clube, em agosto do ano passado. Exatos 365 dias depois de sua reestreia como titular, no aniversário de 96 anos do Verdão, o balanço de sua passagem aponta mais pontos baixos do que altos. Agora, no aniversário de 97 anos do clube, a expectativa é de que o Mago se livre de vez das lesões, tenha uma boa sequência de jogos e volte a ser a referência que foi em 2008, quando o time teve sua última conquista – o Campeonato Paulista.
Valdivia participou de 39 das 78 partidas do Palmeiras desde 26 de agosto do ano passado – derrota por 3 a 0 para o Atlético-GO no Pacaembu. Nessa caminhada, o Mago sofreu cinco lesões diferentes, sendo quatro delas na coxa esquerda – duas mais graves. Em polêmica entrevista no mês de maio, o presidente Arnaldo Tirone afirmou que a contratação fora um mau negócio e que o jogador gostava muito da noite. A postura segue a mesma entre diretores e conselheiros, que criticam o alto salário recebido por Valdivia. Homem forte do futebol, o vice-presidente Roberto Frizzo desconversa, apesar de admitir que uma melhora é esperada.
- Claro que ele ainda não fez tudo o que se espera dele, mas teve problemas com lesões que atrapalharam demais a sequência. Agora ele está bem para desempenhar seu melhor futebol, e acho que o Valdivia vai brilhar mais.
Dos 39 jogos de Valdivia:
Foi substituído em 21
Entrou no segundo tempo em 6
Jogou o tempo todo em 12
O Palmeiras, via Banco Banif, pagou 6,2 milhões de euros (R$ 13,9 milhões) ao Al-Ain-EAU para contar com a volta do Mago. A carta de crédito emitida pelo Banif quitou o valor com os árabes, mas fez o Verdão herdar a dívida com o banco – que vencia em 15 de agosto e foi prorrogada por mais dois meses. Com juros e impostos, o valor a ser pago pode chegar aos R$ 20 milhões. Walter Munhoz, vice financeiro, não confirma o valor com juros e diz que tudo será acertado em breve.
- O Banif é um parceiro e vamos acertar essa dívida da melhor forma. Estamos trabalhando diariamente para viabilizar esse pagamento – assegurou.
Levando-se em conta apenas a quantia paga ao Al-Ain, sem contar vencimentos e luvas ao jogador, cada um dos cinco gols de Valdivia custa R$ 2,8 milhões aos cofres alviverdes. Cada partida com o Mago em campo custou R$ 356 mil.

- São números muito altos para a realidade atual do Palmeiras. Creio que a venda dele seria o melhor caminho, até para acertar logo essa própria dívida com o banco - afirmou um conselheiro próximo a Tirone.
Durante a Copa América, membros da diretoria torciam para que Valdivia fizesse boas exibições e saísse valorizado da competição, atraindo a atenção de clubes europeus. O Mago até jogou bem, mas o Chile foi eliminado precocemente e o meia voltou ao Brasil sem o destaque desejado pelo Palmeiras. Apenas o Al-Ain fez proposta para tê-lo de volta, mas Tirone negou prontamente a investida do clube árabe.
Lesões que dificultam...
Tudo começou com uma persistente fibrose na coxa esquerda, que o incomodou entre outubro e novembro de 2010. O problema se agravou de vez em jogo contra o Atlético-MG no Pacaembu, pela Sul-Americana, quando deixou o gramado com apenas 16 minutos de jogo. O departamento médico detectou uma lesão um pouco acima da fibrose, e o Mago teve de ficar três meses de molho, encerrando ali a temporada 2010. O caso irritou Felipão e colocou em xeque todo o departamento, mas a constatação era a de que a fibrose deixaria o jogador sempre mais propenso a novas lesões.

Valdivia sofreu quatro lesões na coxa esquerda, mas recebe tratamento especial no local (Foto: arte esporte)
- Existem dois fatores que fazem o jogador ficar mais suscetível a lesões: a idade e o fato de ter tido problemas anteriores. O Valdivia entra nesse segundo caso por conta da fibrose, por isso temos de fazer um amplo trabalho de prevenção para minimizar o aparecimento de novas lesões – afirmou o médico Rubens Sampaio, após a última lesão do Mago.
Temos de fazer um amplo trabalho de prevenção para minimizar novas lesões"
Dr. Rubens Sampaio, médico do Palmeiras
Valdivia já teve de parar por duas vezes neste ano com a mesma lesão, no músculo posterior da coxa esquerda. Até um pisão no pé direito já o tirou de combate – do jogo contra a Ponte Preta, pela fase inicial do Campeonato Paulista. Mas foi depois do chute no vácuo que o tirou dos gramados por dois meses, no último clássico com o Corinthians, que departamento médico e comissão técnica se reuniram para tentar minimizar os problemas físicos do jogador.
Desde então, ele passa por tratamento diferenciado e faz exercícios mais leves de explosão, até porque suas características de jogo não demandam esse tipo de habilidade. Uma das medidas é o fortalecimento dos músculos do core, localizados na região abdominal e responsáveis pelo equilíbrio do jogador – é ali que fica o centro de gravidade. Um aparelho específico da academia, o Runner, simula um movimento de corrida sem causar impacto desnecessário - ideal para atletas recém-recuperados de lesões musculares.
Quando voltou da seleção chilena, Felipão planejou utilizá-lo de forma gradativa, e a medida vem dando certo. Valdivia só ficou fora de dois jogos desde a derrota por 1 a 0 para o Fluminense, em 24 de julho: um porque foi disputar amistoso pelo Chile, e outro porque estava suspenso.
Em novo encontro com o Corinthians, neste domingo, em Presidente Prudente, Valdivia tem chance de ouro para começar a completar sua história de sucesso no Palmeiras. Segundo companheiros do elenco, o Mago está animado nas brincadeiras e tem sido um dos responsáveis pela recente melhora de ambiente nos vestiários. Clima melhor para pegar o maior rival, impossível.

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